sábado, 30 de outubro de 2010

1843 MARX e ENGELS

As convulsões do capitalismo
No Manifesto do Partido Comunista (1843), K. Marx e F. Engels caracterizaram o sistema capitalista com traços que permanecem completamente actuais. No seu percurso político e social a burguesia do dinheiro atinge inevitavelmente uma etapa em que «em lugar da exploração velada por ilusões religiosas e políticas, impõe uma exploração aberta, descarada, directa e brutal».
Nenhuma outra análise poderia sintetizar tão claramente o que hoje se passa no mundo, quase 170 anos volvidos sobre a publicação do Manifesto.
Ferozmente, sem período de transição, banqueiros e ditadores ignorados abandonam as teses do «sucesso» e do «milagre» e mostram aquilo que realmente são: autómatos sedentos do saque e obcecados pela ideia fixa da acumulação do lucro e do poder. Nada mais. Sem ideais, sem noção dos deveres colectivos, sem princípios nem respeito pelos direitos dos povos.
A fase que atravessamos é, no entanto, de eventual duplo sentido na sua conclusão previsível. Pode significar o próximo esmagamento dos trabalhadores e de outras estruturas económicas, políticas e sociais. Mas também pode revelar-se como impulso necessário – o passo decisivo em frente – necessário para concretizar uma mudança radical, uma revolução irreversível que lance o mundo nas vias de um verdadeiro socialismo. Basta que os trabalhadores o queiram firmemente e que olhemos o presente e o futuro com determinação e com coragem. Para isso é necessário organização e espírito de luta.

A «Santa Aliança» da reacção

Escondida na sombra, a hierarquia da Igreja assiste a estas convulsões sociais, encantada com o que vê passar-se à sua volta. Os bispos não deixam de tecer teias de intrigas e combinações nos corredores das catedrais e na comodidade das poltronas dos banqueiros. Porque a Igreja é talvez a única força (para além da banca) que mais tem a ganhar com a crise profunda do capitalismo. Contrariamente às grandes fortunas, nada arrisca. Contrariamente ao universo dos políticos, nada tem a perder. Contrariamente  à informação mais íntima dos factos, dispõe de dianteiras que vão muito à frente daquelas que os seus sócios e amigos podem utilizar. A «grande crise» permite reforçar a sua influência junto das massas e das elites. No nosso país, quando milhões de cidadãos estiverem prestes a morrer à fome, a Igreja será a única instituição que poderá fazer chegar a cada português «uma malga de sopa e um naco de pão». Quando os desempregados famintos desistirem de lutar, a caridade da Igreja garantirá a sua sobrevivência, com «uma malga de sopa e um naco de pão».
A Igreja tem as suas ONG, as suas IPSS, as suas escolas, as suas Misericórdias, os seus refeitórios, os seus lares para crianças e os seus lares para idosos. Também por aí pode funcionar a regra de oiro da «malga de sopa e do naco de pão». Quanto maior for a crise tanto maior serão os lucros alimentados pelos subsídios do Estado. Quanto maiores forem as dificuldades na concessão do crédito pessoal, dos subsídios de desemprego, do abono de família, etc., mais à-vontade estarão os tecnocratas católicos ligados à banca confessional. Este campo de acção será ilimitado.
Mas as mais-valias que afluem aos cofres do Patriarcado e aos «nichos» dos offshores do mundo católico não ficam por aqui. A Igreja universal dispõe de um gigantesco sector financeiro apoiado numa rede «não-lucrativa» que se situa à margem de quaisquer danos que a crise possa ocasionar. Segurança que resulta em grande parte das concordatas entre o Vaticano os diversos estados mundiais. O Banco do Santo Espírito está presente em toda a rede financeira do mundo capitalista e os principais lobbies bancários ligam-se ao capital eclesiástico. Tudo somado, a Igreja pode dar-se ao luxo de se abster ou de intervir nos graves problemas que agitam o mundo e a humanidade.
A nível nacional e à escala das dimensões do Estado português, é a uma situação deste tipo que estamos a assistir. São evidentes, a caminhada da sociedade para o desastre final, o agravamento brutal da pobreza e dos desníveis sociais, a riqueza escandalosa das elites e o descalabro de uma ética do conhecimento que acompanhe os progressos das tecnologias. A noção de todos estes desequilíbrios está contida nos vários capítulos da doutrina da Igreja, mas «em abstracto». Nada obriga a hierarquia eclesiástica à luta, a acções coerentes que apoiem as massas no combate à tirania e à marginalização. O objectivo da Igreja é a «salvação das almas». Mesmo quando o povo anónimo for em boa parte constituído por classes médias maioritariamente católicas.
Especialistas em «humanidades» e nas «filosofias do milagre», como reza a tradição, os bispos católicos decerto que já se aperceberam das convulsões do capitalismo, recamado de oiro mas enredado nas malhas das suas insuperáveis contradições. Mas perante a realidade fica paralisada.
Por nós, lutemos firmes e mantenhamos os nossos ideais. O desenlace deste enredo será Socialista!...

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