quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

“A luta de um homem, de uma família, por nós”

 
O Auditório Mário Feliciano na Biblioteca Municipal de Alpiarça encheu na tarde do passado sábado para o lançamento da obra autobiográfica “Aconteceu”, de Francisco Presúncia Bonifácio (Chico Galiza), militante do PCP desde a década de 50 do século passado.
Na mesa estiveram, para além do autor, Octávio Augusto, do Comité Central do PCP, Mário Pereira, presidente da Câmara Municipal de Alpiarça (que apoiou a edição), Ricardo Hipólito e Sérgio Ribeiro.
Octávio Augusto realçou que “o livro é muito mais do que apenas se ficar a saber o que aconteceu num determinado contexto histórico (…), é também encontrar-se ali elementos para se continuar o trabalho que os “Chicos” Galiza travaram, de modo a que Abril não se perca”.

Mário Pereira sublinhou a contribuição de Chico Galiza e de outros alpiarcenses para a nossa liberdade e a importância de um livro tão especial que reflecte o percurso histórico do autor, marcante da afirmação de um ideal, ao dar o melhor de si e, ao mesmo tempo, ser a obra uma importante peça na recuperação de memórias de luta.

Por sua vez, Ricardo Hipólito abordou as vicissitudes do desafio lançado a Galiza para que a sua experiência e conhecimentos pudessem ficar como testemunho de um percurso de vida e o consequente desenvolvimento de todo aquele processo criativo. Foram ainda, na sua intervenção, abordados alguns momentos relatados na obra, sublinhando-se que a grande força dinamizadora de Galiza e de tantos outros que, como ele, lutaram, foi o facto de acreditarem. De acreditarem nas causas justas da sua luta.

Sérgio Ribeiro, antes de analisar o livro, não quis deixar de assinalar que já tinha apresentado muitos livros “mas nunca um que lhe tivesse dito tanto (como este), por ser um testemunho vivo”.
Um livro que, na sua opinião, é de uma grande “importância como testemunho, por vezes comovente, relato de um homem, de uma família, de uma luta que foi por nós. Um livro de afectos, cheio de ternura, de amizade, de compreensão, de companheirismos, das suas contingências, das suas fragilidades e das suas traições”.

Chegada a vez do autor e antes de relatar alguns episódios da sua vida de luta, transcritos na obra, Chico Galiza reafirmou que nunca tinha pensado em escrever um livro e muito menos sobre si, a sua companheira e a sua filha, porque o que fez, no seu entender, foi cumprir apenas o seu dever.
E se voltou atrás na sua inicial intenção é porque compreendeu a importância do testemunho para que o fascismo não seja branqueado.
“Foi também por ouvir a minha filha perguntar muitas vezes, na escuridão das casas clandestinas, porque brincavam os outros meninos e ela não, que resolvi escrever este depoimento, uma espécie de desabafo”.

A sessão de apresentação terminou com o autor e a sua “sobrinha Isabel” (aliás Faustina Condessa Barradas, uma jovem alentejana que entrou na clandestinidade aos 16 anos) a reviverem momentos (comoventes) por que passaram nos treze meses em que desempenharam juntos tarefas partidárias numa “casa do Partido” na zona de Odivelas, onde funcionou uma tipografia clandestina.








O livro encontra-se à venda no Centro de Trabalho do PCP em Alpiarça, na Agência Amílcar, no Quiosque de Luís Figueiredo, no Largo dos Águias e em Lisboa, na sede do PCP, na Rua Soeiro Pereira Gomes. As encomendas podem ser feitas pelo email galizachico@sapo.pt ou pelo TM 91345 0740.