domingo, 13 de outubro de 2013

Eles Mentem, roubam e matam!

Sem surpresas!
Manuel Gouveia

Eles mentem. Eles roubam. Eles violam a lei. Eles matam. E não temos porque ficar surpreendidos, quanto muito indignados, uma e outra vez, e revoltados, cada vez mais revoltados e revoltosos.
Eles mentem? Claro que mentem. Uns melhor, outros pior, mas mentem todos! Como dizer a verdade? Como dizer que o nosso desemprego lhes faz falta? Como explicar que quanto mais capacidade tem a humanidade mais milhões vivem na miséria e na pobreza? Como justificar que é preciso roubar a um milhão de reformados para dar a um banqueiro? Como explicar que nos venderam a uma potência estrangeira para salvaguardar os seus privilégios? Se mentem sobre tudo o que é importante, por que não hão-de mentir num curriculum, num inquérito, numa entrevista?
Eles roubam? Claro que roubam. Eles são o roubo legalizado, socializado, legitimado. O roubo da riqueza criada pelo nosso trabalho. O roubo do nosso país transformado em propriedade sua e dos seus. E quem rouba não são os ladrões?
Eles violam a lei? Claro que violam a lei. Eles só reconhecem a lei que nos oprime e a que lhes legaliza os crimes. Eles fazem a lei, dobram a lei, domam a lei. E se odeiam a Constituição é porque não é a sua, é ainda muito nossa. Qual a surpresa quando um deles comete um crime? Surpresa é se for condenado!
Eles matam? Claro que matam. Todos os dias. Mata o ministro que corta na nossa saúde. Matam quando baixam salários e semeiam o desemprego e o desespero. Matam na Síria, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia. Qual a surpresa quando as suas mãos assassinas passam a estar literalmente manchadas de sangue?
Eles, enquanto classe, enquanto classe dominante e exploradora, são mesmo feios, porcos e maus. Vivem da exploração e da opressão. E como os seus luxos e privilégios dependem da capacidade de dominar a maioria, são também violentos e perigosos.
É evidente que no meio de gente de tão vil condição há espaço para honrosas excepções. Homens onde, como indivíduos, até pode florescer a probidade e a decência. É nessas raras ocasiões que nos devemos deixar surpreender com agrado. E prosseguir o combate sem vacilações.