sexta-feira, 4 de março de 2011

Porque ficam tão nervosos?


Na anterior reunião da Assembleia municipal, no Período de Intervenção do Público, Raul Figueiredo fez uma intervenção que aqui se transcreve com base na acta.


Interveio o munícipe Raul Figueiredo que entendeu, depois de 13 anos de silêncio, que seria agora altura de falar sobre a sua experiência enquanto Presidente da Câmara, sobre os termos em que se deu a mudança para a gestão socialista em 1998, e principalmente sobre os anos subsequentes enquanto vereador na oposição. Recordou o munícipe a sessão pública de 5 de Janeiro de 1998, em que se protagonizou a tomada de posse do Executivo que lhe iria suceder, toda ela conduzida em tom provocador sob os seus esforços para não reagir e manter a dignidade que o momento exigia. Evocou também as semanas que se lhe seguiram, dias vividos de forma eufórica e no mesmo tom de provocação, e cujo único assunto em discussão era a dívida deixada pela gestão comunista, dívida essa, aliás, fortemente empolada. O munícipe considera que essas acusações revelam uma grande desonestidade por parte de quem ainda hoje as tece, mesmo depois de se comprovar que a dívida, tal como a descreviam, era artificial e que só não foi negociada com a Caixa Geral de Depósitos porque a CGD não mostrou vontade política para o fazer.
Entretanto, o munícipe assumiu a sua responsabilidade enquanto Vereador da oposição, tendo passado o ano de 1998 sujeito a provocações e calúnias sistemáticas. Lembrou o munícipe que chegou inclusivamente a receber ameaças de agressão física em plena reunião de Câmara [não consigo ter a certeza se ele disse reunião de Câmara] porque disse que o Presidente da altura não estava a dizer a verdade a propósito de um contrato que a gestão CDU teria assinado com um artista. As acusações de que era alvo resultaram em alguns processos de tribunal que acabaram arquivados por falta de provas, sendo que os encargos financeiros com a defesa do munícipe foram suportados pelo próprio munícipe e pela CDU.
O munícipe lembrou ainda a acusação que lhe era dirigida de que tinha desviado 40 mil contos da Câmara para seu próprio usufruto a propósito dos lotes do Frade de Cima, bem como a calúnia que o dava como doido. Sendo assim, não é por acaso, considera o munícipe, que as actas de 1998 foram e continuam, ao que julga, ocultadas, a fim de esconder o clima de crispação e confrontação que se vivia.
Entretanto, entrou-se noutra fase: a Câmara tinha que fazer obras e o PS não tinha projectos, pelo que foi buscar os projectos que a CDU tinha deixado. Nessa altura a CDU fez um comunicado em que explicava de que maneira a Câmara PS estava a aproveitar como seus os projectos que a CDU tinha aprovado e para os quais tinha, inclusivamente, assegurado já financiamento. Acontece que esse comunicado foi boicotado pelos correios por ordem expressa do Presidente de então.
O munícipe afirmou em seguida ter algumas recordações da gestão PS e da alegada oportunidade e acerto de muita da obra que foi feita em Alpiarça. Referiu-se em concreto ao parque subterrâneo onde se gastaram 500 mil contos e que hoje está praticamente ao abandono; referiu-se à rotunda com fonte cibernética que custou cerca de 70 mil contos e que raramente funcionou; referiu-se ao percurso da barragem, que entretanto desapareceu; referiu-se à empreitada das Piscinas Municipais, que tinha sido adjudicada por administração directa, e que depois, aquando da tomada de posse do executivo PS, foi interrompida e passou para empreitada externa, com agravamento do preço em mais de 50%; referiu-se a um projecto de arranjos exteriores, na ordem dos 70 mil contos, que tinha uma barreira de luz de tal maneira intensa que não deixava ver nada para além dessa cortina, pelo que só trabalhou raras vezes, tendo sido depois desligada; referiu-se ao arrelvamento do campo de futebol, que passado uns tempos estava impraticável por falta de manutenção; referiu-se ainda à Reserva Zoológica, projecto de interesse local, regional e até nacional, por onde estavam a passar centenas de jovens e de professores que viam no local um bom potencial pedagógico, e que foi substituído pela Reserva do Cavalo do Sorraia, projecto que serve apenas meia dúzia de pessoas interessadas; referiu-se à destruição do museu etnográfico; referiu-se à degradação do parque de campismo, alimentada pela conflitualidade com o concessionário dessa infra-estrutura; referiu-se também ao passeio pedonal junto à Vala, uma obra deficiente onde aparentemente não houve fiscalização e com a qual se gastaram milhões de euros; referiu-se ao restaurante do Sorraia, que serve a instituição liderada por uma familiar do Presidente da altura; referiu-se à destruição da AgroAlpiarça e da entrega do Alto Castelo a uma família a troco da assistência técnica ao Cavalo do Sorraia; e referiu-se por fim aos projectos de urbanismo aberrantes tais como o edifício junto ao mercado, os edifícios junto ao Largo Vasco da Gama que descaracterizam o local, ou os blocos de apartamentos em condomínio privado no Frade de Baixo.
Sobre o ambiente que se viveu nessa altura, o munícipe evocou o estado permanente de conflitualidade com os munícipes. Se alguém proferisse expressões de desagrado em relação à conduta do Presidente, imediatamente havia alguém que, numa atitude pidesca, lhe ligava para o telemóvel a fim de denunciar o prevaricador e logo o Presidente o punha em tribunal por difamação. Outros exemplos evocados para ilustração desta acusação são os processos em tribunal instaurados contra alguns funcionários da autarquia, bem como a perseguição que foi encetada a forças políticas como a CDU.
Para o munícipe, o que caracterizou a gestão PS à frente dos destinos da Autarquia foi a sua opção pelo despesismo e uma atitude de novo-riquismo. A título de exemplo, o munícipe referiu-se aos três automóveis, alguns de alta cilindrada, comprados em dois mandatos. Desta forma, o munícipe acusou o Executivo PS de confundir os interesses públicos e os interesses privados, recordando ainda outro exemplo que diz respeito ao terreno confinante com o jardim municipal, que a CDU pretendia aproveitar para fazer uma expansão do jardim, mas que o PS destinou a construção através da viabilização de um projecto que entrou na Câmara.
Outros exemplos da gestão danosa do Partido Socialista encontrou-os o munícipe ao nível do esquecimento da Semana da Juventude por parte da Vereadora do Desporto e da Juventude à época, ao nível da manipulação de relatórios e contas ou da contratação de um director para a Casa dos Patudos para ser despedido pouco tempo depois.
O munícipe falou também da “revista cor-de-rosa” publicada no fim do último mandato pela Presidente da Câmara de então, que se fez representar em mais de 30 fotos. Referiu igualmente as promessas que nunca foram cumpridas, como por exemplo o Resort Turístico a ser implantado em terrenos de José Relvas, o Hotel a ser construído na zona da barragem, que chegou inclusivamente a ter maqueta, a recuperação da Aldeia do Patacão ou a ligação do Largo Vasco da Gama à Vala Real.
O munícipe alertou em seguida para a ironia do slogan escolhido por essa gestão – Vila Tranquila –, slogan que veio servir a única terra do país cujo Presidente tinha dois guarda-costas em permanência.
Foi por tudo isto que o munícipe afirmou ter saudades do clima de diálogo e entendimento com os vereadores do PS na Câmara Municipal, Vítor Castro e Sérgio Santos, nos tempos em que era Presidente; do carinho demonstrado pelos trabalhadores em geral para com o Executivo Camarário; e das assembleias municipais em que o respeito e a elevação do comportamento eram a nota dominante.
Por último, o munícipe não quis deixar passar a oportunidade para dirigir um agradecimento à população de Alpiarça pela confiança que depositaram na CDU, e afirmar olhos nos olhos que não guarda ressentimento nem ódio a ninguém.

Na reunião de 25 de Fevereiro, a Deputada e Doutora Graciete Brito desceu ao seu nível habitual para caluniar o cidadão Raul Figueiredo. No final teve a resposta pelo próprio, uma vez mais.
Oportunamente publicaremos essa intervenção.

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