segunda-feira, 14 de março de 2011

Nos 90 anos do PCP - apontamentos da luta dos comunistas e do Povo de Alpiarça (5)

EM OUTUBRO DE 1944, OS OPERÁRIOS AGRÍCOLAS DE ALPIARÇA EXIGEM NOVAS CONDIÇÕES DE TRABALHO.


Fonte: Vitória dos camponeses – “Avante!”, VI Série, nº 66, Nov. 1944, p. 2  


NOVA OFENSIVA FASCISTA NO RIBATEJO
                                  DE NOVO, À LUTA! CONTRA AS JORNAS DE FOME

EM 14 DE MAIO DE 1943, o governo fascista de Salazar, às ordens dos grandes exploradores do trabalho camponês, publicou uma tabela de salários de fome para os trabalhadores rurais. No Ribatejo, os exploradores salazaristas tropeçaram com a união e a resistência decidida dos camponeses. O Partido Comunista chamou os trabalhadores à luta e os trabalhadores seguiram o seu Partido. As jornadas de Vila Franca de Xira, as recusas nas praças de homens nas vilas e aldeias do Ribatejo, ainda estão presentes na memória de todos os trabalhadores ribatejanos. Graças à sua união e à sua luta, os heróicos camponeses do Ribatejo reduziram a pó a tabela fascista e obrigaram os exploradores salazaristas a pagarem jornas mais altas.
Em Fevereiro de 1944, os exploradores salazaristas fizeram nova tentativa para reduzirem as jornas e aplicar a tabela. O Partido Comunistas de novo chamou à luta os trabalhadores do campo e estes de novo seguiram o seu Partido. A resistência foi geral em todo o Ribatejo e as jornas não desceram.
Agora, que se entra no inverno, época negra para os trabalhadores do campo, de novo vêm os grandes exploradores do trabalho camponês tentar reduzir as jornas. Em vez de, nesta quadra difícil do ano, fornecerem mais géneros e melhorarem a situação dos camponeses, os fascistas salazaristas tentam condená-los a uma miséria ainda maior.
A “Comissão Arbitral” de Arruda dos Vinhos acaba de publicar um edital estabelecendo jornadas de fome que vão até 8$00 para os homens nos serviços de enxada, 6$00 para os rapazes de menos de 18 anos, e descem até 4 e 4$50 para as mulheres e raparigas. O edital proíbe que, nos serviços de enxada, as jornas vão além de 14$00 para os homens e 11$00 para os rapazes de menos de 18 anos!
Atendendo a que os exploradores fascistas procuram sempre pagar pelos “mínimos “ e atendendo a que, presentemente, as jornas atingem cerca de 30$00, o que, se não é suficiente, pelo menos permite ir-se vivendo, avalia-se toda a infâmia desta tabela fascista. E, não contentes com isto, querem ainda que as praças passem a realizar-se dos domingos, roubando assim o descanso aos camponeses e obrigando-os a trabalhar mais horas à 2ª feira.
Mas agora, como em Maio de 1943 e em Fevereiro de 1944. os trabalhadores ribatejanos de novo se levantarão para a luta, reduzirão a pó as novas tabelas de fome, farão recuar os sugadores do trabalho camponês.
O Partido Comunista lançou imediatamente um manifesto, chamando os camponeses à luta, aconselhando-os a formar Comissões que, apoiadas por todo o povo, vão às autoridades exigir que não seja aplicada a tabela.
Mas a formação das Comissões, por si só, não obrigará os salazaristas a recuar. Por isso, o Partido Comunista, nesse mesmo manifesto, lançava as palavras de ordem:
“Uni-vos todos e combinai que, nas praças, ninguém vá trabalhar pelos salários de fome da tabela. Recusai-vos a trabalhar pelas jornas da tabela”.
Esta ofensiva fascista contra os camponeses começou no concelho de Arruda. Mas é bem claro o propósito dos fascistas de a estenderem a todo o Ribatejo. Todos os camponeses ribatejanos devem estar prevenidos. Onde quer que sejam afixados, os editais devem ser imediatamente rasgados e arrancados das paredes.
E, em toda a parte, onde os fascistas oferecerem jornas mais baixas, OS CAMPONESES DEVEM RECUSAR-SE A TRABALHAR.
Avante, contra as jornas de fome! Que as praças continuem às segundas-feiras! Que sejam fornecidos mais géneros!

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