segunda-feira, 31 de maio de 2010

ALPIARÇA - Voluntários limpam área junto da aldeia avieira do Patacão

Decorreu uma operação de limpeza de uma área junto da aldeia Avieira do Patacão, em Alpiarça, antigo lugar de veraneio. Os gostos das pessoas modificaram-se entretanto. Se antigamente se escolhia as praias do Tejo para passar umas férias, a partir da década de quarenta do século passado, começou a escolher-se as praias do mar. Se o Patacão era a praia fluvial mais frequentada, ela foi aos poucos sendo substituída pela Nazaré, de tal forma que até há pouco tempo muito poucos frequentavam o Patacão.

Não só os gostos evoluíram, como também as condições que o Tejo passou a oferecer se alteraram, devido à poluição e ao assoreamento. As antigas águas transparentes desapareceram e o rio deixou de ter o caudal de outrora, sendo agora uma sombra do que fora. Ainda no Verão de 2009 o Tejo registou um dos mais baixos caudais da história. Por fim, passar férias no Tejo passou a ser visto como um sinal de pobreza. Quem ia ao Tejo eram os que não tinham poder de compra para ir para a praia. E, sinal dos tempos, ir para a Nazaré passou mesmo a ser visto como um sinal de fraco poder de compra. Passar férias no Algarve passou a ser encarado como uma obrigação de mostrar uma confortável posição material na vida. Por estas e outras razões, a frequência à praia fluvial do Patacão caiu de tal forma que praticamente deixou de existir. As margens do Tejo naquele local foram desprezadas, dando lugar ao aparecimento de mato cerrado. Muitos salgueiros e freixos morreram. A aldeia dos pescadores foi abandonada. O que é um valioso património histórico, natural e arquitectónico passou a ser um local desprezado. Algo no entanto começou a mudar. Hoje, cada vez mais pessoas encaram a aldeia dos Avieiros como um sítio que faz parte da sua própria identidade. A praia fluvial e a maracha do Tejo são encaradas como locais a preservar e a visitar, porque são muito atractivos. Por isso, começava a justificar-se uma acção de protecção e de valorização daquele património que é tão nosso. Foi o que aconteceu no passado dia 22 de Maio. Um conjunto de instituições decidiu agir. A AIDIA, o Fórum Ribatejo, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Alpiarça, mobilizaram esforços e agiram em conjunto. As duas primeiras instituições conseguiram mobilizar 28 pessoas, que ali trabalharam gratuitamente durante um dia. A Câmara e a Junta de Freguesia de Alpiarça disponibilizaram dois camiões, uma retroescavadora, duas carrinhas de caixa aberta e diverso equipamento de limpeza e a Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém uma furgoneta, para além de outro material e equipamento disponibilizados por particulares. Com estas condições, retiraram-se debaixo dos salgueiros treze camiões de troncos secos, ervas altas, silvas e lixo, assim como dezena e meia de sacas com lixo de difícil degradação (plásticos para agricultura, embalagens plásticas, latas e garrafas de vidro), deixando-se limpa toda a área pretendida. Foi atingido o objectivo que todos se propuseram cumprir. Na pausa do trabalho e como estava no programa, ofereceu-se uma caldeirada aos participantes, que teve lugar debaixo dos salgueiros, na área previamente limpa. Para confirmar a justeza da acção, verificou-se que no dia seguinte, domingo dia 23 de Maio, estavam no Patacão 23 carros estacionados e 80 pessoas descansavam com as suas famílias entre os salgueiros ou na praia fluvial.

Fonte: http://www.radiohertz.pt

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