Decorreu uma operação de limpeza de uma área junto da aldeia Avieira do Patacão, em Alpiarça, antigo lugar de veraneio. Os gostos das pessoas modificaram-se entretanto. Se antigamente se escolhia as praias do Tejo para passar umas férias, a partir da década de quarenta do século passado, começou a escolher-se as praias do mar. Se o Patacão era a praia fluvial mais frequentada, ela foi aos poucos sendo substituída pela Nazaré, de tal forma que até há pouco tempo muito poucos frequentavam o Patacão.
Não só os gostos evoluíram, como também as condições que o Tejo passou a oferecer se alteraram, devido à poluição e ao assoreamento. As antigas águas transparentes desapareceram e o rio deixou de ter o caudal de outrora, sendo agora uma sombra do que fora. Ainda no Verão de 2009 o Tejo registou um dos mais baixos caudais da história. Por fim, passar férias no Tejo passou a ser visto como um sinal de pobreza. Quem ia ao Tejo eram os que não tinham poder de compra para ir para a praia. E, sinal dos tempos, ir para a Nazaré passou mesmo a ser visto como um sinal de fraco poder de compra. Passar férias no Algarve passou a ser encarado como uma obrigação de mostrar uma confortável posição material na vida. Por estas e outras razões, a frequência à praia fluvial do Patacão caiu de tal forma que praticamente deixou de existir. As margens do Tejo naquele local foram desprezadas, dando lugar ao aparecimento de mato cerrado. Muitos salgueiros e freixos morreram. A aldeia dos pescadores foi abandonada. O que é um valioso património histórico, natural e arquitectónico passou a ser um local desprezado. Algo no entanto começou a mudar. Hoje, cada vez mais pessoas encaram a aldeia dos Avieiros como um sítio que faz parte da sua própria identidade. A praia fluvial e a maracha do Tejo são encaradas como locais a preservar e a visitar, porque são muito atractivos. Por isso, começava a justificar-se uma acção de protecção e de valorização daquele património que é tão nosso. Foi o que aconteceu no passado dia 22 de Maio. Um conjunto de instituições decidiu agir. A AIDIA, o Fórum Ribatejo, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Alpiarça, mobilizaram esforços e agiram em conjunto. As duas primeiras instituições conseguiram mobilizar 28 pessoas, que ali trabalharam gratuitamente durante um dia. A Câmara e a Junta de Freguesia de Alpiarça disponibilizaram dois camiões, uma retroescavadora, duas carrinhas de caixa aberta e diverso equipamento de limpeza e a Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém uma furgoneta, para além de outro material e equipamento disponibilizados por particulares. Com estas condições, retiraram-se debaixo dos salgueiros treze camiões de troncos secos, ervas altas, silvas e lixo, assim como dezena e meia de sacas com lixo de difícil degradação (plásticos para agricultura, embalagens plásticas, latas e garrafas de vidro), deixando-se limpa toda a área pretendida. Foi atingido o objectivo que todos se propuseram cumprir. Na pausa do trabalho e como estava no programa, ofereceu-se uma caldeirada aos participantes, que teve lugar debaixo dos salgueiros, na área previamente limpa. Para confirmar a justeza da acção, verificou-se que no dia seguinte, domingo dia 23 de Maio, estavam no Patacão 23 carros estacionados e 80 pessoas descansavam com as suas famílias entre os salgueiros ou na praia fluvial.
Fonte: http://www.radiohertz.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário