quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lá estou eu outra vez a “bater no ceguinho” …


Na rádio, na televisão, nos jornais, nas notícias, nas análises dos politólogos e dos comentadores somos bombardeados com uma overdose de expressões que conduzem os cidadãos a uma análise simplista e superficial da política e dos políticos.
“A culpa é dos políticos…”
“Os políticos foram incapazes de …”
“A classe política…”
“É tudo a mesma coisa, são todos iguais…”
E, mais recentemente veio juntar-se ao coro uma nova expressão: “O FMI vem pôr a nossa classe política na ordem…”
É verdade que a imagem dos “políticos” anda pelas ruas da amargura.
As sucessivas políticas de direita conduziram o país à situação em que se encontra;
As promessas eleitorais que alguns fazem, em pouco tempo caiem no esquecimento e faz-se exactamente o contrário do que se prometeu;
Os casos de favor e de corrupção crescem como cogumelos;
Há “políticos” que mudam de opinião como quem muda de camisa…
Manuel Alegre que há uns tempos estava em rotura com Sócrates e o PS (até concorreu ás presidenciais contra o candidato do seu partido…), após um almoço ou jantar com Sócrates passou a “baixar a bola” e a fazer caminho para ser o candidato do PS. E agora recebeu o justo prémio de tanta fidelidade ao líder: Passou a integrar os mais altos órgãos de decisão do PS!
De “político “desalinhado” passou a “alinhado” … como que por magia!
(Abro um parêntesis para recordar os mais distraídos que Francisco Louçã manifestou uma enorme indignação pela atitude de Nobre e pela de Alegre nada disse…)
Fernando Nobre, que no seu ziguezagueante percurso já foi apoiante do PSD e mandatário do BE nas eleições para o Parlamento Europeu, surgiu nas últimas presidenciais com o perigoso discurso anti-partidos e anti-políticos e, à pala disso, teve uma expressiva votação.
 Jurou a pés juntos que dessa água não beberia…
Eis Fernando Nobre nas listas do PSD (em nome do interesse nacional, é claro…)!
Quando soube da notícia veio-me à memória um grupo de professores com quem falei no final de um debate entre mandatários das candidaturas presidenciais realizado em Santarém.
No final desse debate algumas delas aproximaram-se do Sérgio Ribeiro para o cumprimentarem e para lhe manifestarem a sua satisfação com a sua postura e com os argumentos utilizados naquele debate.
O Sérgio disse-lhes que era assim e tinha as posições que tinha porque era comunista e isso fazia com a nossa atitude fosse diferente de outras, nas palavras e nos actos. Falou-lhes da sua passagem pelo Parlamento Europeu.
O Sérgio foi-se embora e eu fiquei mais um pouco a falar com aquelas professoras cujas idades andavam pelos 40 e tal anos.
Tinha curiosidade de perceber quem eram e o que as tinha levado a envolverem-se na campanha de Fernando Nobre.
O quê que tinham em comum para além de serem professoras?
Todas elas tinham tido actividade política há alguns anos atrás, tinham andado pelo MRPP e por partidos de extrema-esquerda e, entretanto, desiludidas, “deixaram-se disso”.
A ofensiva contra a educação e os professores levou-as de novo à participação activa. Viam em Fernando Nobre um homem acima da política e dos políticos, alguém completamente diferente… tal como o Francisco Lopes que, segundo elas era um homem sério, de convicções e estava a fazer uma campanha surpreendente…
Vi naquela conversa muito entusiasmo e algum romantismo. Confesso que não tive coragem de lhes dizer que estavam a apostar no “cavalo errado” …
Estou arrependido. Talvez lhes tivesse evitado mais uma desilusão.
Provavelmente elas hoje estarão a engrossar as fileiras do desalento e da resignação e, também elas, digam que afinal são todos iguais!
E a coisa é de tal maneira que recentemente António Filipe viu-se na obrigação de publicar na rede um comentário que diz tudo:
“Apelo aos ultrajados por Fernando Nobre que no facebook e na blogosfera expressam a sua indignação por terem sido enganados que não digam que ele é afinal um político como os outros, porque isso ofende os políticos que nunca traíram os que neles confiaram e entre os quais tenho a honra de me incluir.”
Nem mais!

Octávio Augusto

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