terça-feira, 26 de abril de 2011

Eu não tenho culpa nenhuma!



Há uma semanas estava à conversa com um grupo de amigos e falava-se da situação grave que o país atravessa. Conversa daqui, conversa dali e, inevitavelmente veio á baila o argumento da moda: “A culpa é dos políticos”, “são todos iguais”…
Como eram pessoas cuja actividade estava ligada à justiça, procurei dar o meu melhor, pegando nos problemas da justiça. Senti que não estavam convencidos: “A justiça está um caos e ninguém faz nada!”, respondeu um deles, que é advogado.
Perguntei-lhes se conheciam as propostas apresentadas pelo PCP relativamente ás questões da justiça. Não conheciam.
No grupo estava uma magistrada do Ministério Público. Repetiu a mesma dose: “são todos iguais…”,”os políticos estão a dar cabo do sistema de justiça…”
Virei-me para eles e confrontei-os com este exemplo: “daqui estou a ver uma pessoa a rondar o teu carro. Aviso-te que se estão a preparar para te assaltarem o carro. Não te queres incomodar, estás mais concentrado em ver pela TV se foi ou não penálti. Assaltam-te o carro. Eu corro e agarro o gatuno. Chamo a GNR e no fim tu acusas-me de não te ter avisado que se estavam a preparar para te assaltarem o carro!”
Isto vem a propósito dos discursos dos Ex e do actual Presidente da República que tive a coragem de ouvir ontem.
Mia um bocadinho e eles ainda me acusavam de ter roubado o carro... 

Pequenas nuances, é certo. Mas todos  alinharam pelo mesmo diapasão.
Portugal atravessa uma grave e profunda crise. Concordo.
Agora não é o momento de apurar responsabilidades. Discordo.
É que se não se apontarem os responsáveis, estamos a alinhar na cassete de que a culpa é de todos, mesmo daqueles que, oportunamente, discordaram, alertaram e apresentaram outros caminhos e propostas.
A CEE era o remédio para todos os males. 


Quem se atreveu a apontar os perigos não estava a defender o “interesse nacional”… Quem afirmava que a nossa integração provocaria a destruição do nosso aparelho produtivo, da nossa agricultura, das pescas, era acusado de ultrapassado, de não ter vistas largas, de estar contra o progresso de Portugal.
Mais recentemente, com os governos que lhe sucederam e com o governo do PS, o PCP apontou, muitas vezes sozinho, os perigos e as consequências das políticas erradas que estavam ser seguidas.
O PCP denunciou e apresentou propostas. Lá estão eles sempre a dizer mal…
Agora que a coisa deu para o torto, dizem que não é o momento para apurar responsabilidades?
Como eu os percebo. Se os portugueses tivessem condições para perceber de quem é a culpa e quem são os culpados, outro galo cantaria!
O actual e os Ex também afinaram em coro as acusações aos políticos e aos partidos.
Vá de meter tudo no mesmo saco, como convém.
Os partidos precisam de se renovarem, de novas ideias… Precisam ainda de se unirem em nome do interesse nacional.
E qual é o interesse nacional?
O “interesse nacional”, segundo eles, é aceitarmos a receita do costume, cujos resultados estão à vista!
O “interesse nacional”, segundo eles, é passarmos uma esponja, pormos o conta-quilómetros a zero e seguirmos exactamente o mesmo caminho: Sacrifícios para os do costume e benefícios para…os do costume!
O “interesse nacional”, segundo eles e o imenso plantel de analistas e comentadores que enxameiam a comunicação social, propriedade dos grupos económicos que engordam com a crise, apela ao bom senso, à “coragem” de aceitar a ingerência externa…
Ingerência externa? Não se trata de ingerência mas de “ajuda”.
Ajuda?
Mas em que condições nos vão emprestar dinheiro?
Com que juros?
Com que consequências para quem vive do seu trabalho e da sua reforma?
Com que consequências para o país?
E depois da ajuda como ficamos?
Por mim, atrevo-me a dizer que ficaremos ainda pior. Com a certeza de que quem nos enfiou no buraco não tem condições para nos tirar de lá!
Mas as cabeças vão sendo feitas à medida das conveniências dos partidos do “arco do poder”.
Ontem mesmo, um “cientista político” afirmava que não havia outro caminho. Veja-se o caso do PCP, dizia, que apresentou exactamente o mesmo programa eleitoral das eleições anteriores.
È falso. Mas que importa isso?
O senhor cientista, que nem se deve ter dado ao trabalho de ler o Compromisso Eleitoral do PCP, disse e está dito.
Agora os outros cientistas e aprendizes de cientistas encarregar-se-ão de dizer o mesmo e a mentira passa a ser verdade. Está feito.

Eu não enfio a carapuça!
Eu não votei neles!
Eu não vou votar neles!
Eu acho que há outro caminho e que esse caminho passa pelo reforço da CDU.
“Mas vocês não vão para o governo…”
Quem disse? Se os portugueses quiserem, lá estaremos.
Num governo patriótico e de esquerda, com uma política patriótica e de esquerda que promova a rotura que o país precisa e que os portugueses merecem!

(Octávio Augusto) 

Sem comentários:

Enviar um comentário