segunda-feira, 25 de abril de 2011

Discurso de Celestino Brasileiro, na sessão solena da Assembleia Municipal de Alpiarça, em nome da bancada da CDU

   
 Comemora-se este ano, o 37º aniversário da revolução de Abril.
   Na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, um punhado de militares, soldados e oficiais, deram corpo e expressão, ao que o povo português, que com a sua luta, há muito vinha desbravando caminho, desejava: A Liberdade.
   A coragem dos militares de Abril, fartos de uma guerra colonial injusta e sem sentido e o desejo de liberdade e democracia do povo português, fez com que, nessa madrugada Portugal renascesse.
   Iniciou-se então, um processo revolucionário, que devolveu ao país e aos portugueses, a liberdade e dignidade, como seres humanos. Liberdade que o povo português assumiu em toda a sua plenitude, com a nacionalização da banca e dos grandes grupos económicos, com o fim do capitalismo monopolista de estado, com a realização da reforma agrária, com a instituição do poder local democrático. Liberdade, traduzida na democratização do nosso país, através da aprovação da Constituição da Republica Portuguesa, onde estão consagrados direitos fundamentais para todos nós. O direito ao trabalho com dignidade, á saúde e á educação, á justiça social, corrigindo as desigualdades entre as pessoas, através de uma melhor distribuição da riqueza, e o combate às assimetrias entre o litoral e o interior. Estes e outros direitos dos portugueses estão efectivamente consagrados no texto fundamental do nosso país.
   Mas;
   37 Anos depois do 25 de Abril de 74, assistimos á recuperação dos mesmos grupos económicos e financeiros, a estratégias de privatizações de recursos públicos, com a consequente degradação das condições de vida dos portugueses, agora agravada pela crise que se abateu sobre o nosso país, e para a qual o povo português em nada contribuiu. No entanto, tudo se encaminha para que sejamos todos nós, a pagar os erros cometidos pelos últimos governos, que apenas serviram os interesses de alguns, que foram acumulando fortunas.
   37 Anos depois do 25 de Abril de 74, pode-se dizer que o nosso país deu alguns passos atrás, e que os verdadeiros ideais e objectivos de Abril, estão cada vez mais longe de ser uma realidade.
   As assimetrias entre o litoral e o interior acentuam-se e criam a desertificação das nossas vilas e aldeias; aumentam as desigualdades e as injustiças a nível social; aumenta o fosso entre ricos e pobres, com o consequente aumento da pobreza de cada vez mais portugueses, e em sentido inverso criam-se fortunas fabulosas de grupos cada vez mais restritos de pessoas. Os salários e as reformas são diminuídos, sofrendo sucessivos cortes, aumentando as dificuldades de quem trabalha e de quem trabalhou uma vida inteira e que vive de pequenas reformas. O aparelho produtivo foi sendo destruído, somando desemprego ao desemprego, e criando uma maior dependência do nosso país em relação a países terceiros.
   Por tudo isto, 37 anos depois do 25 de Abril de 1974, muitos portugueses questionam: afinal, será que valeu a pena a revolução de Abril? Achamos que, apesar de tudo, a resposta só pode ser uma: claro que valeu a pena. Valeu a pena sobretudo pela liberdade. E valeu a pena por tudo aquilo que a liberdade nos proporciona. Valeu a pena pelo direito de voto de todos os portugueses com mais de 18 anos. E é o voto, que, aliado á luta dos trabalhadores e do povo, pode fazer toda a diferença. Ao contrário do que acontecia durante o fascismo, em liberdade é o povo que escolhe os seus representantes; na Assembleia da Republica, e por consequência, no governo, nas Autarquias Locais.
   E este é, cada vez mais o tempo de defender Abril; de cumprir e fazer cumprir a constituição da Republica Portuguesa. De abrir caminho a uma política diferente, que responda aos problemas do desemprego, das injustiças sociais, do aumento da pobreza. Uma politica que promova o nosso aparelho produtivo e a produção nacional. Uma politica que afirme a democracia em todas as suas vertentes: económica, social e cultural. O sonho de uma sociedade mais justa para todos, não é uma miragem, um dia será uma realidade. Porque quando o povo quer, muda o rumo das coisas.
   Mesmo em condições difíceis, como foram os anos negros do fascismo, o povo português soube encontrar as formas para lutar pela liberdade e para uma sociedade mais justa. Os alpiarcenses deram um contributo valioso para atingir esses objectivos. As mulheres, em particular. Por isso, é de toda a justiça, que a mulher alpiarcense, a mulher resistente, seja hoje aqui lembrada e distinguida na Assembleia Municipal de Alpiarça. Pelo importante papel que desempenhou na conquista da liberdade e da democracia. Porque á mulher, o fascismo sempre negou os mais elementares direitos, como o direito á igualdade, e sempre compreendeu o papel da mulher na nossa sociedade, como se fosse um ser inferior, relegando-a para segundo plano. Mas a mulher, e em particular a mulher alpiarcense, sempre teve um papel activo, na luta por melhores condições de vida. Apesar da pressão que a sociedade exercia sobre si, a mulher soube sempre encontrar formas de colaborar nas lutas de então, ao ponto de mulheres alpiarcenses serem perseguidas pela PIDE, pagando com a prisão e a tortura, e mesmo com a morte, como foi o caso de Maria Albertina, a sua dedicação às causas da liberdade e da democracia.
   Alpiarcenses
   Os 37 anos do 25 de Abril, comemoram-se este ano, num momento particularmente difícil para o nosso país, mas também para a nossa terra.
   Durante alguns anos, de forma irresponsável, os executivos do Partido Socialista, criaram uma situação financeira, que compromete o desempenho da autarquia durante os próximos anos, situação aliás, para a qual a bancada da CDU, vinha alertando há muito tempo. O actual executivo da CDU, tomou já algumas medidas para iniciar a recuperação financeira do município. E também para recuperar a sua credibilidade junto de fornecedores e outros agentes, económicos, associativos, etc. Para isso contou, e pode continuar a contar com a colaboração empenhada da bancada da CDU, nesta Assembleia Municipal. Os alpiarcenses merecem o nosso maior respeito. É por eles que todos, mas mesmo todos, devemos unir esforços no sentido de criar condições para o desenvolvimento equilibrado e integrado do nosso concelho, e de uma vida mais digna para todos os alpiarcenses.
   O 25 de Abril, também é isso; desenvolvimento. O tal 3º D que ainda não está totalmente cumprido, e que parece cada vez afastar-se mais do nosso país.
   Mas como diz António Gedeão, “ O sonho comanda a vida, e sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança”.
   Por isso, a esperança que Abril nos trouxe num país melhor para todos, continua bem viva.

   VIVA O 25 DE ABRIL
   VIVA A LIBERDADE
   VIVA ALPIARÇA

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