Um manto de silêncio abate sobre a notícia, vindo
a público, de fonte fidedigna, Instituto de Saúde Dr. Ricardo Jorge, dando
conta que nas semanas de 13 a 26 de Fevereiro morreram 6110 pessoas, sendo a
sua maioria, pessoas idosas.
As autoridades da
Saúde devem aos portugueses uma explicação cabal deste surto epidemiológico
grave!
Não são aceitáveis ou permitidas justificações que
se escondem por trás de prováveis mutações de vírus ou da conjugação de
factores de casualidade do frio associado à disseminação de agentes infecciosos
respiratórios.
As interrogações
são múltiplas e necessitam um esclarecimento cabal.
Qual o estado da vacinação contra os agentes da
gripe (gripe A e outros subtipos) em Portugal e em especial no grupo de risco –
população idosa?
Qual a prevalência de doenças crónicas associadas
(diabetes, doença pulmonar crónica e doenças cardiovasculares) nas pessoas
idosas que morreram?
Qual a percentagem de pessoas idosas que morreram
longe de centros de saúde aos quais só podiam recorrer caso pagassem os
transportes!
Quantas pessoas foram vítimas do menor ou
dificultado acesso aos cuidados de saúde como consequência do aumento brutal
das taxas moderadoras e dos elevados custos dos medicamentos?
Quantas pessoas idosas que morreram auferiam
pensões mínimas, muitas sem amparo de outrem, isoladas e com dificuldades
acrescidas para fazer frente ao aumento do custo de vida?
Naturalmente muitas destas perguntas não terão
resposta porque sabemos do estado de desagregação em que funcionam os serviços
de saúde, consequência de saída de profissionais de saúde e dos cortes
orçamentais impostos pelo actual Governo.
Deduzimos, sem
muito esforço, que a maioria (cerca de 75%) destas pessoas que morreram são
idosas de rendimentos baixos (com pensões inferiores a 300 euros), vivendo em
habitações degradadas sem aquecimento, e desprovidas de qualquer protecção ou
vigilância social.
É esta realidade que o poder procura esconder e
fazer crer que este surto epidemiológico foi uma fatalidade, quando, esta
situação resulta das consequências gravosas das medidas do Pacto de Agressão da
Troika, com os cortes orçamentais impostos nas áreas da Segurança Social e na
Saúde. Neste último caso, o Serviço Nacional de Saúde está em risco de
degradação e este Governo aposta na sua destruição.
Contra esta tentativa de escamotear a realidade
que a Direcção da Confederação Nacional de Reformados Pensionistas e Idosos
exige e reclama uma resposta deste Governo aos portugueses.
A pobreza, a fome e a exclusão social são factores
que se agravam com a política deste Governo e contra a qual temos de lutar se
queremos prevenir novas vítimas.
A DIRECÇÃO DO MURPI - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE REFORMADOS
PENSIONISTAS E IDOSOS
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