quarta-feira, 21 de abril de 2010

O ultimo Avante! clandestino


ALIAR À LUTA ANTIFASCISTA OS PATRIOTAS DAS FORÇAS ARMADAS
(Abril de 1974)

A existência de um amplo movimento que abrange centenas de oficiais do quadro permanente dos três ramos das forças armadas, assim como a eclosão da sublevação de 16 de Março – afirma-se num dos dois manifestos de Março da Comissão Executiva do PCP - «exprimem a crescente oposição das forças armadas às guerras coloniais e à política do governo de M. Caetano.»


Na «conversa» de 28-3 M. Caetano procurou aparecer «descontraído» numa tentativa de serenar as suas perturbadas hostes e minimizar o significado da sublevação militar que atribui à « irreflexão e talvez ingenuidade de alguns oficiais...» Afirmou que « nada do que de verdadeiro se passa e que ao público interesse, deixa de ser trazido ao conhecimento dele». Mas escondeu o facto de que na madrugada de 16 de Março ele teve o cuidado de se refugiar no reduto de Monsanto, juntamente com A. Tomaz e outros mais das suas respectivas camarilhas; escondeu que a coluna militar saída das Caldas da Rainha confraternizou com outras forças ao passar por Santarém ou quando se encontrou com outras unidades enviadas para a conter; escondeu que forças da Aviação se recusaram a bombardear a coluna militar, a qual só foi contida às portas de Lisboa e não em Alverca; escondeu que dias antes da sublevação tinham sido presos vários oficiais, entre eles o Ten-Coronel Almeida Bruno (condecorado há menos de um ano com a Torre e Espada), o major Monge, os capitães Vitor Alves, Vasco Lourenço, Pinto Soares e que outros oficiais foram deportados ou transferidos para os Açores, Madeira e Trás-os-Montes.

O movimento de oficiais, a sublevação de 16 de Março, a prisão, deportação ou transferência de duas centenas de soldados e oficiais, assim como as demissões dos generais Costa Gomes, António Spínola, Amaro Romão e contra-almirante António Bagulho – tudo isto é o resultado da luta popular e do acentuado aprofundamento da crise do regime, crise que se estendeu às forças armadas.

A oposição à guerra e à política do governo de M. Caetano penetrou nos vários escalões das forças armadas, e o regime já não pode hoje contar com o seu apoio incondicional. Num documento emanado do «movimento dos oficiais» sublinha-se:
«Entendemos necessários, como condição primeira de solução do problema africano, da crise das Forças Armadas e da crise geral do País, que o poder político detenha o máximo de legitimidade, que as suas instituições sejam efectivamente representativas do Povo. Por outras palavras: sem democratização do País não é possível pensar em qualquer solução válida para os gravíssimos que se abatem sobre nós.»

Desta conclusão decorre a importante e urgente tarefa de incorporar e associar à luta antifascista do povo português os soldados e marinheiros, os sargentos e oficiais honestos, todos os verdadeiros patriotas das forças armadas (incluindo os homens honestos de PSP, GNR e GF), formando um poderoso exército político que porá fim às guerras coloniais, derrubará a ditadura fascista e conquistará as liberdades democráticas.

A formação de mais e mais comités unitários antifascistas, em todos os quartéis e barcos, no país e nas colónias, comités de soldados e marinheiros, de sargentos, de oficiais do quadro e milicianos, é uma importante tarefa que se coloca a todos os comunistas e democratas.

A luta pelo fim das guerras coloniais e o regresso das forças armadas ao país, a luta pelas liberdades democráticas, pela libertação imediata de todos os presos, pela Amnistia, pela cessação das torturas e a dissolução da Pide-DGS, a luta por melhores condições de vida e contra o poder dos monopólios e a submissão ao imperialismo, são tarefas que se colocam a todo o povo e a todos os homens honestos das forças armadas.

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