Saudação aprovada por unanimidade
na Assembleia Municipal de Benavente
na Assembleia Municipal de Benavente
Neste
ano de 2013, realizam-se as comemorações do centenário de Álvaro Cunhal.
Álvaro Barreirinhas
Cunhal, nasceu na freguesia da Sé, em Coimbra.
Com onze
anos de idade, muda-se para Lisboa com a família, onde faz os seus estudos
secundários, no Pedro Nunes e mais tarde no liceu Camões.
Em 1931,
com dezassete anos ingressa na Faculdade de Direito de Lisboa. Neste mesmo ano
filia-se no PCP e inicia intensa actividade política.
Em 1934
é eleito representante dos estudantes de Lisboa no Senado Universitário.
Em 1936
entra para o comité central do PCP e combate cinco meses no início da guerra civil
de Espanha, pela causa republicana e pelo socialismo, integrado nas brigadas
internacionalistas.
Em Junho
de 1937 é preso pela primeira vez e é levado para o Aljube e posteriormente
transferido para o forte de Peniche. É libertado um ano depois.
Ao longo
da década de 30, Cunhal foi colaborador de vários jornais e revistas, entre os
quais, “O Diabo”, “Seara Nova”, Sol Nascente” e
“Vértice”.
Em Maio
de 1940 é novamente preso e faz o exame final na Faculdade de Direito de
Lisboa, sob escolta policial. Apresenta uma tese sobre a realidade social do
aborto, perante um júri composto por figuras do regime salazarista, que incluía
entre outros, Marcelo Caetano. A sua classificação final foi de 16 valores.
Em
Dezembro de 1941, após breve actividade docente como regente de estudos no
Colégio Moderno, entra de novo na clandestinidade.
A 25 de
Março de 1949, Álvaro Cunhal é preso pela terceira vez, no Luso. O seu
julgamento ocorreu um ano depois. Neste julgamento Cunhal proferiu a famosa
frase, em que se afirmava “filho adoptivo do proletariado” e
dirigiu um forte ataque político ao regime salazarista, afirmando que “um
dia os réus serão vocês”.
Foi
condenado e preso na Penitenciária de Lisboa, sendo transferido para forte de
Peniche em 1958.
Em 1953
desenvolve-se um grande movimento internacional de solidariedade pela sua
libertação que teve a participação de milhares de intelectuais e artistas
estrangeiros, onde figuravam em destaque os nomes de Jorge Amado e Pablo
Neruda.
Dos onze
anos em que esteve preso, foi mantido incomunicável durante catorze meses e
passou oito anos em total isolamento.
Em
Janeiro de 1960, dá-se a famosa evasão do Forte de Peniche e Cunhal permanece
dois anos em Portugal, na clandestinidade.
Em 1961
é eleito secretário-geral do PCP.
No
estrangeiro, vive em Moscovo e depois em Paris onde permanece clandestino
durante oito anos.
É de
Paris que regressa a Portugal, a 30 de Abril de 1974.
É
ministro de estado dos governos provisórios em 1974 e 1975. É eleito deputado à
Assembleia Constituinte em 1975.
Foi
deputado à Assembleia da Republica até 1992, altura em que se afasta por
vontade própria do cargo de secretário-geral do PCP.
Durante
dez anos consecutivos (1982 a
1992) é membro do Conselho de Estado.
Contudo,
falar de Álvaro Cunhal, cuja vida se confunde com a resistência e a luta contra
os 48 anos da ditadura fascista, é não só referir a sua obra mas também e
sobretudo reflectir sobre o seu pensamento e a sua acção quotidiana.
Para
Álvaro Cunhal “a exploração e a opressão do capitalismo, traduzem-se na
moral da burguesia dominante, pelo egoísmo, o individualismo feroz, a
capacidade de desprezo pelos outros, o predomínio das ambições pessoais, o
abuso do poder, o arbítrio da decisão, a hipocrisia, a fraude e a
corrupção.”
Esteta,
escritor e artista plástico de elevada craveira Cunhal escreveu, sob o
pseudónimo de Manuel Tiago, entre outros livros, duas obras que foram adaptadas
ao cinema, “cinco dias cinco noites” e “até amanhã
camaradas”, filmes realizados respectivamente por José Fonseca e Costa e
Joaquim Leitão.
Álvaro
Cunhal faleceu a 13 de Junho de 2005, mas o seu exemplo permanece. O funeral,
acompanhado por centenas de milhares de portugueses, foi uma gigantesca
manifestação de pesar e reconhecimento pelas qualidades e coerência de um homem
simples e culto que um dia decidiu enfrentar a tirania, a opressão, o
obscurantismo e as injustiças sociais.
Nesta
conformidade a Assembleia Municipal de Benavente reunida nos Paços do
Município, em sessão ordinária, no dia 26 de Abril de 2013, saúda o centenário
do nascimento de um dos maiores vultos do século XX e da nossa história, Álvaro
Barreirinhas Cunhal.
Benavente,
26 de Abril de 2013
Os
eleitos da CDU
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