sábado, 28 de abril de 2012

DISCURSO DA BANCADA DA CDU – SESSÃO SOLENE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL NO ÂMBITO DAS COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL DE 2012


38 anos passados da Revolução do 25 de Abril de 1974, aqui estamos, uma vez mais, a
comemorar esse acontecimento histórico. Alguns dir-me-ão que já não faz sentido,
que está ultrapassado.
Para esses em especial, mas também para todos os outros, é importante recordar o
que nos trouxe a chamada revolução dos cravos.
Foi com esta revolução pacífica, que conquistámos a liberdade, a democracia e que
nos trouxe uma série de conquistas nomeadamente:
1. ao nível da educação e da saúde – foi instituído constitucionalmente o direito a
um sistema de educação e saúde, gratuitos e de livre acesso;
2. foi construído o poder local democrático;
3. o direito ao voto através de eleições livres;
4. a implementação de um sistema de segurança social, com protecção na
doença, no desemprego, na reforma;
5. o fim da guerra colonial;
6. a nacionalização de empresas de sectores estratégicos ao serviço das
populações;
7. o fim da polícia política e da repressão,
entre tantas outras conquistas.

No entanto, não seria possível sem o movimento das forças armadas, do povo e de
todas as pessoas que se destacaram na luta anti-fascista. Que, mesmo perante tantas
adversidades, nunca desistiram e sempre acreditaram que a luta era o caminho.
Pessoas altruístas que lutaram de forma destemida na conquista da liberdade e da
democracia. A quem devemos estar eternamente gratos, reconhecendo o papel
fundamental que tiveram na construção de um novo Portugal.
Por isso mesmo, estamos a homenagear com a medalha da Liberdade, Alpiarcenses
que se destacaram nessa luta.
Seguindo o seu exemplo, não devemos desistir, acreditando, tal como eles, que com
coragem e determinação conseguiremos.
Sobretudo em momentos como o que vivemos actualmente.
Como é possível que decorridos somente 38 anos estejamos a retroceder em todas as
conquistas que levaram mais de 40 anos a alcançar?
Como podemos permitir esta furiosa ofensiva a que assistimos diariamente levada a
cabo pelos partidos que têm, alternadamente, governado o nosso país – PS, PSD e CDS,
a que agora se junta a TROIKA – Fundo Monetário Internacional, União Europeia e
Banco Central Europeu?
Não podemos aceitar este retrocesso ao nível dos piores anos do estado novo.
Não podemos aceitar:
· um regresso a um sistema de ensino elitista, só acessível a quem tem os meios
para pagar propinas cada vez mais elevadas.
· a destruição do sistema nacional de saúde, que de universal e gratuito passou
primeiro a tendencialmente gratuito, e, nos últimos tempos, tendencialmente
pago, ou só acessível a quem tem os meios para recorrer a seguros de saúde,
engrossando as receitas dos bancos e seguradoras.
· o ataque aos direitos dos trabalhadores, liberalizando e tornando mais fácil o
despedimento, aumentando a precariedade e instabilidade do emprego,
reduzindo mais e mais o pagamento do trabalho.
· o corte desenfreado nos salários, nas reformas e nas pensões, agravado pelos
sucessivos aumentos de impostos;
· a falta de protecção em situação de despedimento e desemprego;
· a continuação do processo de privatizações de empresas fundamentais para o
país, que deixam de estar ao serviço das populações e passam a servir os seus
accionistas;
· o ataque ao poder local, através da chamada reforma da administração local,
comprometendo a democracia, fomentando a formação de executivos de
partido único, a falta de debate e participação pluralista.
· o estado ao serviço de grandes grupos económicos e financeiros em
detrimento das populações
· Desvalorização da força do trabalho que constitui a verdadeira riqueza de um
país;
· Destruição do aparelho produtivo, provocando um desemprego galopante e
uma dependência cada vez maior do exterior.
· Persistência dos desequilíbrios na balança de pagamentos, e no défice público,
pese embora as constantes e repetidas medidas de aumentos de impostos e
reduções de salários, sobretudo para os trabalhadores do Estado.
· Encerramento de serviços públicos, isolando cada vez mais as populações,
conduzindo a uma maior desertificação no interior.
Enfim, não podemos aceitar esta política antipatriótica e de direita.
É imperativo rejeitar este pacto de agressão.
Por isso é urgente defender o que tanto custou a conquistar; é urgente a luta
organizada em busca de um país sem desigualdades e sem injustiças sociais.
Não nos podemos deixar iludir. Este não é o caminho.
É urgente uma política patriótica e de esquerda, ao serviço dos interesses de Portugal
e dos Portugueses, reafirmando os valores de Abril e tudo o que nos trouxe.
O exemplo que nos deram Jacinto Marvão, João Sanfona, João Pereira e Manuel Vital,
entre tantos outros, mostra-nos que não nos podemos resignar.
Mostra-nos que lutando, de uma forma unida e destemida, conseguiremos uma
sociedade mais justa, mais solidária, livre e democrática.
É verdade que quem luta nem sempre ganha. Mas não tenhamos dúvidas que quem
não luta perde sempre.
VIVA O 25 DE ABRIL!

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