38 anos passados da Revolução do 25 de Abril de 1974, aqui estamos, uma vez mais, a
comemorar esse acontecimento histórico. Alguns dir-me-ão que já não faz sentido,
que está ultrapassado.
Para esses em especial, mas também para todos os outros, é importante recordar o
que nos trouxe a chamada revolução dos cravos.
Foi com esta revolução pacífica, que conquistámos a liberdade, a democracia e que
nos trouxe uma série de conquistas nomeadamente:
1. ao nível da educação e da saúde – foi instituído constitucionalmente o direito a
um sistema de educação e saúde, gratuitos e de livre acesso;
2. foi construído o poder local democrático;
3. o direito ao voto através de eleições livres;
4. a implementação de um sistema de segurança social, com protecção na
doença, no desemprego, na reforma;
5. o fim da guerra colonial;
6. a nacionalização de empresas de sectores estratégicos ao serviço das
populações;
7. o fim da polícia política e da repressão,
entre tantas outras conquistas.
No entanto, não seria possível sem o movimento das forças armadas, do povo e de
todas as pessoas que se destacaram na luta anti-fascista. Que, mesmo perante tantas
adversidades, nunca desistiram e sempre acreditaram que a luta era o caminho.
Pessoas altruístas que lutaram de forma destemida na conquista da liberdade e da
democracia. A quem devemos estar eternamente gratos, reconhecendo o papel
fundamental que tiveram na construção de um novo Portugal.
Por isso mesmo, estamos a homenagear com a medalha da Liberdade, Alpiarcenses
que se destacaram nessa luta.
Seguindo o seu exemplo, não devemos desistir, acreditando, tal como eles, que com
coragem e determinação conseguiremos.
Sobretudo em momentos como o que vivemos actualmente.
Como é possível que decorridos somente 38 anos estejamos a retroceder em todas as
conquistas que levaram mais de 40 anos a alcançar?
Como podemos permitir esta furiosa ofensiva a que assistimos diariamente levada a
cabo pelos partidos que têm, alternadamente, governado o nosso país – PS, PSD e CDS,
a que agora se junta a TROIKA – Fundo Monetário Internacional, União Europeia e
Banco Central Europeu?
Não podemos aceitar este retrocesso ao nível dos piores anos do estado novo.
Não podemos aceitar:
· um regresso a um sistema de ensino elitista, só acessível a quem tem os meios
para pagar propinas cada vez mais elevadas.
· a destruição do sistema nacional de saúde, que de universal e gratuito passou
primeiro a tendencialmente gratuito, e, nos últimos tempos, tendencialmente
pago, ou só acessível a quem tem os meios para recorrer a seguros de saúde,
engrossando as receitas dos bancos e seguradoras.
· o ataque aos direitos dos trabalhadores, liberalizando e tornando mais fácil o
despedimento, aumentando a precariedade e instabilidade do emprego,
reduzindo mais e mais o pagamento do trabalho.
· o corte desenfreado nos salários, nas reformas e nas pensões, agravado pelos
sucessivos aumentos de impostos;
· a falta de protecção em situação de despedimento e desemprego;
· a continuação do processo de privatizações de empresas fundamentais para o
país, que deixam de estar ao serviço das populações e passam a servir os seus
accionistas;
· o ataque ao poder local, através da chamada reforma da administração local,
comprometendo a democracia, fomentando a formação de executivos de
partido único, a falta de debate e participação pluralista.
· o estado ao serviço de grandes grupos económicos e financeiros em
detrimento das populações
· Desvalorização da força do trabalho que constitui a verdadeira riqueza de um
país;
· Destruição do aparelho produtivo, provocando um desemprego galopante e
uma dependência cada vez maior do exterior.
· Persistência dos desequilíbrios na balança de pagamentos, e no défice público,
pese embora as constantes e repetidas medidas de aumentos de impostos e
reduções de salários, sobretudo para os trabalhadores do Estado.
· Encerramento de serviços públicos, isolando cada vez mais as populações,
conduzindo a uma maior desertificação no interior.
Enfim, não podemos aceitar esta política antipatriótica e de direita.
É imperativo rejeitar este pacto de agressão.
Por isso é urgente defender o que tanto custou a conquistar; é urgente a luta
organizada em busca de um país sem desigualdades e sem injustiças sociais.
Não nos podemos deixar iludir. Este não é o caminho.
É urgente uma política patriótica e de esquerda, ao serviço dos interesses de Portugal
e dos Portugueses, reafirmando os valores de Abril e tudo o que nos trouxe.
O exemplo que nos deram Jacinto Marvão, João Sanfona, João Pereira e Manuel Vital,
entre tantos outros, mostra-nos que não nos podemos resignar.
Mostra-nos que lutando, de uma forma unida e destemida, conseguiremos uma
sociedade mais justa, mais solidária, livre e democrática.
É verdade que quem luta nem sempre ganha. Mas não tenhamos dúvidas que quem
não luta perde sempre.
VIVA O 25 DE ABRIL!
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